quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Professora Ana Lucia Cipriano escreveu: Bônus, Premiação,seja lá o que for esta não é uma forma de valorizar a Carreira do Professor.

Vivemos hoje um grande impasse com a implantação de sistemas de bônus, premiações na vida do profissional da Educação e o Movimento de Valorização tem um posicionamento com relação à esta questão.
A primeira coisa quese deve ter clara é que não serão todos os que alcançarem a pontuação estabelecida que receberão a premiação, mas apenas uma parcela dos participantes, aliás, nem esta pequena parcela tem garantia de que receberão o tal prêmio.
Esta política de prêmio prejudica a progressão na Carreira e no nosso caso isto é visivel, porque não é incorporado ao salário.
Dependendo de uma tendência ideológica, podem validar tal prática, levantando os prós e contras, mas sem fazer uso de sofismas,posso explicar meu ponto de vista sobre esta política de premiação.
Nesta forma de gerir a Educação a escola perde seu caráter social impondo uma ideologia empresarial, envolvendo-a numa administração produtiva. Porém, esta não foi concebida como tal, não existe e nunca existiu uma base teórica sustente a escola como uma empresa e explico os motivos:
-Primeiro ela não se sustenta de lucro que a venda ou a prestação de serviço produz.
-Segundo não se concebe no seu cotidiano uma linha de produção com controle de produção quantitativo ou qualitativo onde ainda há prática do descarte de produtos fora dos padrões.
-Terceiro a Escola pública é básicamente comunitária nela pressupõe valores de interação e não de competição. Hoje temos que conceber a escola como uma rede social, não virtual. Não se podem usar critérios administrativos como se a escola fosse uma empresa.
Reporto a nossa lei máxima, mais precisamente no artigo 205 que fundamenta que a é escola feita por todos que nela estão envolvidos. Na escola toda a sociedade está envolvida, portanto ela se consolida no trabalho em equipe, afinado, e para que se alcance essa perfeição é preciso do esforço de todos, empenho união entendimento, diálogo, coerência.
A responsabilidade pelo insucesso da escola é quando uma gestão centraliza o comando, o erro está quando esta gestão não consegue trabalhar os conflitos desta comunidade, quando não há proximidade, dialogo, confronto, entendimento na busca de soluções. Mas o mais profundo de todos os enganos é querer impor à escola o que não é da sua natureza, a competição.
A qualidade do ensino da aprendizagem está intimamente ligada à gestão democrática, a qualidade de ensino é consequência em uma escola que vive na prática os valores de uma democracia, onde os professores não são só cumpridores de ordem, os alunos não são os produtos finais e os gestores não são os donos da verdade.Escola de qualidade teremos quando houver qualidade de vida nas escolas. E qualidade de vida exige mudança de hábitos, precisamos urgente deixar os vícios que herdamos ditatura o autoritarismo, o abuso de poder, "do manda quem pode e obedece quem tem juizo".O vício do comodismo, riscar o nosso vocabulário frases como "fazer o que!?","não tem jeito" "vamos deixar como está para ver como é que fica".
Vamos discutir as necessidades de nossa escola, vamos acompanhar a administração e mostrar que a escola é nossa somos nós que fazemos a escola. Não vamos permitir que os gestores políticos façam o que bem entendem,vamos conquistar o nosso espaço nessa história.
Professores está mais do que na hora de perceber que a ditadura já acabou ha muito tempo,somos formadores de opinião, estamos em contato direto com toda a sociedade,podemos mudar o posicionamento de toda uma sociedade somos agentes políticos e precisamos trabalhar em um projeto coletivo onde o ideal é uma escola igual e de qualidade para todos.
Precisamos sair da contramão, mudar essa concepção de uma escola que exclui os que que não correspondem aos critérios estabelecidos por uma elite que se acha dona da verdade, de uma escola que impõe a competição entre os professores e alunos e acabar com o efeito desagregador,está na hora de sair da ilegalidade da exclusão da deestruturação.
Escola é o lugar onde se vem para somar, apoiar, comungar.

É nesta Escola que acredito, é esta escola que vai sustentar o desenvolvimento do meu país.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Movimento de Valorização do Educador acredita na união de todos os profissionais da Educação .


Movimento de Valorização do Educador acredita que só com união de todos os profissionais da Educação conquistaremos respeito e consideração,porque esta valorização depende de vontade política e politica se faz com números votos. Somos muitos professores no Estado de São Paulo, no Brasil e portanto podemos fazer a diferença e mudar o rumo da nossa história.

Trecho da entrevista do Ministro da Educação, Fernando Haddad, concedida ao jornal O Globo, que teve trechos publicados na edição de 12/1/2010

(...)
E dinheiro, tem?
— Tudo é uma questão de prioridade. A valorização do professor não é vista como coisa que rende dividendos políticos imediatamente, isso vai impactar a qualidade da educação em cinco, dez, 20 anos. Perto de um investimento que rende votos de “n” cidadãos, na comparação perde. Por isso, tem que ser uma política de estado, tem que ser uma decisão do país. Perdemos todo o século 20 sem investir em educação. Felizmente começamos a investir.

(...)

Professores vamos nos unir!

A valorização do Profissional da Educação depende de vontade política e a qualidade da Educação em nosso país depende deste profissional

Ministério da Educação ACS Assessoria de Comunicação Social Ministério da Educação — Assessoria de Comunicação Social Esplanada dos Ministérios, bloco L, 9º andar, sala 905. Brasília, DF. CEP 70047-900 Telefones: (61) 2022-7520, 2022-7530 e 2022-7540. Fax: (61) 2022-7532 E-mail: imprensa@mec.gov.br
Íntegra da entrevista concedida pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, ao jornal O Globo, que teve trechos publicados na edição de 12/1/2010
Sobre o Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), há muitas questões anuladas. O problema é de quem fez a prova? O senhor está satisfeito com quem o organiza? Há alguma coisa a ser feita?
— Desde que existe o Provão, e depois o Enade, o padrão de contratação tem sido sempre o mesmo: licita-se, a empresa elabora a prova com base em diretrizes estabelecidas pelas comissões do Inep ((Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) e, depois, julgam a conveniência ou não de manter a questão. Obviamente, existe uma margem para anulação que não pode chegar a 2% ou 3%; o limite aceitável, não tecnicamente, é esse. Numa prova com 100 questões, anular entre 2 e 3% seria aceitável, aí você chegar a 7%... eu considero um erro inaceitável. Quer dizer, dois por cento, e num limite justificável e excepcional, três por cento. É a primeira vez que essa empresa, que já fez outros exames com o MEC, ganha a licitação para fazer o Enade. Nós estamos vivendo um período de acomodação que é o fato de ter surgido ao longo de vinte anos, desde 1990, o Inep passou a fazer avaliação. Em 1990 foi o primeiro Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), no governo Collor, e de lá para cá os exames só vêm ganhando importância.
— O exame vem ganhando importância e de repente Enem e Enade têm problemas; o que aconteceu?
— Empresas s
em tradição venceram as licitações.
O problema foi a licitação ou o jeito como elas foram selecionadas?
Bom, quem vai dizer isso aí é a auditoria sobre o Inep, que está para ser concluída. Cabe à auditoria fazer esse mapeamento pra verificar se houve problemas no processo licitatório ou se é uma decorrência natural do aparecimento de novos players nesse mercado de aplicação de provas. Eu entendo que, independentemente do resultado da auditoria, o Inep tem que internalizar algumas tarefas que não eram realizadas por ele, por exemplo, a elaboração de provas do Enade, eu conversei com o professor Joaquim José Soares Neto, para que ele visse a possibilidade de internalizar. Ministério da Educação ACS Assessoria de Comunicação Social
Ou seja, quem vai fazer as questões agora é o próprio Inep?
— Nós já previmos esse tipo de situação na medida provisória que o Presidente assinou na última semana do ano passado. Tem alguns dispositivos que cria um auxílio de avaliação educacional, um pagamento que eu posso fazer nominalmente para a elaboração de provas, para contratar pessoas para fazer isso. Porque, pela legislação anterior, eu não poderia chamar um professor de uma universidade pública e pagar por esse serviço, porque ele já ganha para dar aula e pesquisar. Então, não tinha dispositivo que permitisse ao Inep remunerar o docente por essa atividade adicional que não está dentro das suas obrigações. Esse modelo já valerá para o Enade 2010. Com esse dispositivo, a Medida Provisória dá ao Inep condições que o Inep não tinha de, por exemplo, contratar pessoas para organizar as provas internamente sem a necessidade de licitar a elaboração da prova. Do mesmo jeito que a Prova Brasil e o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) são feitos internamente com um conjunto menos expressivo de profissionais, que têm que ser mobilizados para isso. Então é fácil fazer. No caso do Enade, com 60 áreas do conhecimento, você tem que mobilizar o exército pra elaborar as provas... Agora o Inep tem à disposição esse dispositivo, e vai poder internalizar a prova do Enade.
O senhor teme que alguém questione a validade do Enade, com essas questões anuladas?
— Não, porque a anulação da questão visou preservar a qualidade da avaliação e não o contrário. Qual é o critério para cancelar um item? É quando ele não está discriminando adequadamente o conhecimento dos estudantes. Você faz uma pergunta inconclusiva sobre o conhecimento do estudante. Você não chega a conclusão nenhuma a partir da resposta. Você tem mais ou menos conhecimento daquela área específica. Esse é o critério para anular uma questão. Então as comissões fazem isso para preservar a qualidade da avaliação e não o contrário.
O senhor falou da auditoria do Inep, como está a auditoria?
— Ainda não tive acesso. Isso tem que ser entregue formalmente.
— E o inquérito da Polícia Federal?
— Eu sei o que foi apurado por todo mundo. O inquérito chegou, você vê que tinha uma justificativa, estava protegido por sigilo. A partir do momento em que o juiz liberou, o superintende de São Paulo mandou o inquérito e isso permitiu ao auditor concluir o seu trabalho. Isso deve estar acontecendo esta semana, com a entrega da peça para a auditoria. Aí o
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presidente do Inep assina o relatório final, avalia e manda para os órgãos de controle para tomar as medidas cabíveis.
— O senhor poderia concluir o raciocínio sobre a questão das avaliações do Inep?
— Tem que internalizar a elaboração das provas. Essa MP vai resolver esse problema. O Enade e a Prova Brasil têm a questão do sigilo, mas a correção de um problema como o que aconteceu com o Enem, mesmo a prova tendo sido aplicada, não traz transtornos para a sociedade. Vamos supor que, das 27 áreas avaliadas no Enade, descobre-se por alguma razão que alguém teve acesso a uma prova de uma área específica. Você avalia as outras 26 áreas, aquela prova do Enade se anula e ela é feita no ano seguinte. Você não causa nenhum tipo de transtorno para a sociedade. Vamos supor que, como aconteceu no Saresp, parece que está razoavelmente mapeado. Parece que houve algum problema na aplicação da prova. Então definiram-se as escolas onde o problema foi localizado, abriu-se uma sindicância; se essa sindicância concluir que a aplicação foi imprópria você aplica de novo, quer dizer, o mesmo pode acontecer com a Prova Brasil. Suponha que haja uma suspeita de que numa escola a aplicação não foi adequada, houve interferência externa, os fiscais não estavam em sala de aula, você anula aquela avaliação e aplica de novo, não tem nenhum prejuízo. Vale para o Enade e para a Prova Brasil o que valia para o Enem dentro do ProUni (Programa Universidade para Todos). São provas de avaliação que podem ser canceladas e reaplicadas sem prejuízo para a sociedade. O prejuízo que haverá é o custo da aplicação daquela prova, que tem que ser refeita, mas não causa prejuízo para a sociedade. Para o Enem não se aplica e, por isso, eu quero que da mesma maneira que a USP não licita seu vestibular para 120 mil candidatos... Não faz sentido licitar o Enem para 4 milhões e 100 mil candidatos, sabendo que no modelo atual do Enem é aplicado em 1.800 municípios, em presídios, que mobiliza 300 mil fiscais de prova, que são 3 mil pontos de distribuição das provas, todas elas com escolta. Quer dizer, como você vai operacionalizar isso, correndo o risco de uma empresa vencedora de um certame tentar economizar nos custos, o que vai impactar na questão da segurança? Porque não há possibilidade de economizar na impressão, papel, correção, onde se economiza? Insisto em dizer que de todos os estudos que eu já vi do Inep, você não realiza o Enem com menos de 35 reais por inscrito, a não ser colocando em risco a segurança.
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— Como está a recepção dessa sua proposta de dispensa de licitação?
— Está evoluindo bem. Nosso diálogo com os órgãos de controle, CGU e TCU está evoluindo muito bem. Estamos nos municiando de pareceres jurídicos para embasar essa decisão que é uma decisão de governo, não é uma questão que afeta o ministro da Educação, o governo atual, isso é uma questão estratégica para o país. A Fuvest faz o vestibular da USP há mais de trinta anos, isso tudo exige estabilidade para que não haja nenhum tipo de descompasso.
— Esses problemas negociais podem atrapalhar o cronograma do próximo exame?
— Podem ou não atrapalhar. Imagino que não, porque as pessoas estão muito atentas ao papel que o Enem assumiu no país.
— O Enem vai ser sem licitação em abril, é isso?
— Dependendo de como transcorrerem as coisas no final de janeiro, a possibilidade é essa.
— E seria o primeiro Enem sem licitação, com a possibilidade de fazer outro no segundo semestre?
— Isso, essa é a idéia.
— Com esse de abril as pessoas já entram na faculdade no segundo semestre?
Isso.
— Não está muito em cima do laço?
— Se for usar o modelo anterior, está.
— Com licitação? Mesmo com dispensa de licitação dá tempo?
— Nós realizamos o Enem em 45 dias.
— Não estava tudo pré-arrumado?
— Não, não tínhamos nada pré-arrumado. Foi outra prova, outros locais de prova. Porque se fosse com o mesmo consórcio está certo, mas nós afastamos o consórcio. Então foi outra prova, a única coisa arrumada que tinha era o banco de inscritos, que se faz em 15 dias; tudo mais, a correção, os 3.200 corretores de redação, os 300 mil fiscais de prova, os 8 mil pontos de aplicação, tudo isso foi feito em 45 dias.
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— Corre-se o risco de alguém dizer que porque foi feito às pressas acabou ficando vulnerável?
— Você não pode fazer o Enem em 120 dias, você começa a correr riscos pela vulnerabilidade da estocagem, você tem um papel inverso, você não pode deixar a prova parada. A prova parada é uma prova vulnerável. Ela tem que ficar pouco tempo nos lugares, na gráfica ela fica pouco tempo, nos entrepostos e nas agências de correio elas ficam pouco tempo, para chegar no dia da prova e ser aplicada. A extensão do prazo não garante segurança, tem um tempo, mais é prejudicial e menos é prejudicial.
Quando o senhor espera a resposta do TCU e da CGU?
— Eu estou esperando, na verdade, uma avaliação do professor Neto, neste momento. Ele acabou de assumir a presidência e me pediu 30 dias para elaborar o seu plano de trabalho de 2010. Então, por respeito a ele, estou aguardando que ele me apresente esse plano de trabalho.
— Falando em plano de trabalho, como é que está para 2010? O que ficou faltando fazer?
— Tem uma questão de curto prazo e têm questões que vão ocupar o país no próximo período. A questão de curtíssimo prazo, se você recuperar uma entrevista que dei há um ano, me perguntavam o seguinte: “Você sairá do MEC com alguma frustração de não ter conseguido realizar?” Eu dizia, tem muito tempo ainda para terminar meu trabalho no MEC. Mas eu assinalei três questões importantes naquela época: acabar com a DRU, realizar a reforma do sistema S, portanto a entrevista foi anterior a isso, e reestruturar os hospitais universitários. São três questões importantes para o país. Nós cumprimos duas, está faltando uma terceira, eu tenho uma audiência com o presidente Lula na segunda-feira... Além disso, nossa compreensão dos hospitais universitários aumentou muito, nós queremos um sistema operacional de gestão dos hospitais universitários, mapeamos a situação dos hospitais e apresentamos ao presidente e ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, a proposta de reestruturação com partilha dos custos.
— Esse assunto o MEC sempre empurrava para o Ministério da Saúde e este para o MEC. Acabou virando um problema...
— Isso... e é muito impróprio que isso aconteça porque os hospitais são importantes tanto para a educação quanto para a saúde. Para a educação é
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importante porque formamos profissionais da área de saúde a partir desse equipamento.
— Como seria esse formato?
— A proposta da Andifes (Associação Nacional dos dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) já aprovada pelo pleno, que é o colegiado de reitores, e pelo fórum de diretores dos hospitais, proposta essa que foi encampada pelo Ministério da Educação, que já levou ao presidente esse posicionamento. É uma proposta de partilha meio a meio, ou seja, é igualmente importante para os dois ministérios, então a área da educação e a área da saúde têm que entrar à razão de um para um.
— A partilha é por recursos e não por atividade?
— Não, hoje é assim e recai sobre o MEC 68% do custo, quer dizer, os hospitais estão prestando um serviço e estão recebendo um terço do custo do serviço. Agora, por que isso acontece, o que se passa nos hospitais? O equilíbrio do hospital privado, hoje, reserva 40% dos leitos para convênios privados e isso não está na alçada dos hospitais públicos, os hospitais públicos são 100 por cento SUS. É isso que gera o desequilíbrio e é por isso que tem que haver uma regra de partilha, sobretudo, nos hospitais federais. Nosso compromisso é com o SUS e tem que continuar sendo com o SUS, a porta única. Agora, se a perspectiva é essa, temos que levar em consideração a especificidade do hospital público federal. Ele não tem à sua disposição 40 por cento dos leitos para conveniar; se ele não tem, tem que receber um tratamento diferenciado para que seu equilíbrio econômico-financeiro esteja assegurado. Esse debate transcorreu por quase dois anos, foi feito todo um mapeamento da gestão dos hospitais, estamos introduzindo na gestão hospitalar a informatização plena dos procedimentos com auditoria, controle, num modelo muito parecido com a da CPA (de Porto Alegre) que ofereceu seu módulo para ser traduzido para o hospital e disseminado por todos os 45 outros hospitais universitários. Então, estamos num movimento de atuar fortemente na gestão, mas fixar uma regra de partilha que seja adequada para sustentar os hospitais, aliás essa proposta também ganhou acolhida do TCU, que no seu último acórdão faz menção específica à necessidade do estabelecimento de uma regra de partilha.
— O Ministério da Saúde topa isso?
— Olha, quem tem que topar é o Presidente da República, que toma posicionamento quando há divergências entre duas áreas. Eu entendo e há
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uma compreensão do Ministério da Saúde de que os hospitais não podem continuar como estão.
— Na ponta do lápis é quanto esse dinheiro meio a meio?
— Isso pode representar algo entre R$ 300 milhões a mais para o Ministério da Saúde, só que nós temos que pensar do ponto de vista da reestruturação dos hospitais, não simplesmente tapar um buraco emergencial agora e não pensar a estrutura dos hospitais. Da nossa perspectiva, o MEC vai ter mais interesse ainda do que já tem em investir nos hospitais, porque sabe que haverá uma contrapartida à razão de um para um. Até porque a assistência à saúde não pode ser financiada por recursos da manutenção e desenvolvimento do ensino. A Constituição Federal impede isso. A partir do momento em que você tem a regra de partilha, adequada e chancelada pelo TCU, cria-se um ambiente institucional favorável.
— O que está faltando então?
— Está faltando uma reunião conclusiva, que será na segunda-feira (18), em que as posições vão estar muito bem estabelecidas ali para uma decisão final disso.
— Não têm coisas que vão acabar sobrando?
— Estou falando de coisas emergenciais. Agora vou falar das questões estruturais. Eu entendo que o PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) dê conta de uma gama enorme de programas da educação brasileira muito positivamente. Nós criamos no Brasil, talvez, o que podemos chamar de melhor sistema de avaliação educacional do mundo. Temos uma avaliação que atua sobre o ensino fundamental, o ensino médio, a graduação e a pós-graduação. Eu não tenho referência de outro país que tenha criado um sistema de avaliação tão robusto quanto o nosso. Mais do que isso, nós não só atuamos sobre todos os níveis e etapas do ensino, nós atuamos em cada estabelecimento de ensino. Cada escola e cada instituição de ensino superior têm um indicador de qualidade. Fixamos metas de qualidade. Isso chama a atenção do mundo, o MEC é convidado a apresentar esse modelo em fóruns internacionais, tem grande repercussão. Então no campo da avaliação o Brasil andou muito, sobretudo ao fixar metas. E mais do que isso, cumprir. Estamos cumprindo as metas. Lembro-me de que desde que o sistema de avaliação foi criado a qualidade só caiu até 2003, a partir dali houve uma inflexão, sobretudo, a partir de 2005. Então, nós estamos vivendo um momento em que o Brasil amplia o atendimento, em todas as faixas etárias
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até 17 anos, a proporção de crianças e jovens da creche ao ensino médio está sendo ampliada com melhoria da qualidade, porque o que acontecia no passado era uma ampliação do atendimento às expensas da qualidade. A quantidade aumentava e a qualidade caia. Estamos vivendo um movimento inverso agora, a quantidade aumenta e a qualidade acompanha. Isso é novo no país e eu atribuo isso muito à questão da fixação de metas da qualidade porque isso organiza o trabalho da escola. Quando você estipula uma matriz de referência do exame de avaliação, dá a público essa matriz de referência, os professores são sensibilizados para saber exatamente o que vai se cobrar, porque eles desconheciam esses mecanismos, até porque era amostral, nem sabia muito o que era pedido no Saeb. Hoje a Prova Brasil é aplicada em cada escola, o professor recebe na sua escola a matriz de referência, que está disponível na página do Inep. Então, ele toma conhecimento daquilo que o poder público entende que é o currículo do ensino fundamental. Os programas de formação de professores também são adequados a essa mesma matriz, porque não adianta nada você formar os professores com um processo dissociado da elaboração da matriz. Quando você combina isso tudo, você dá um norte para a escola.
— Mas isso está acontecendo, a roda está girando e vai caminhar. O que falta fazer?
— Isso é uma coisa, a outra é a expansão da educação superior do país, tanto pública quanto privada. Saímos de 2 milhões de universitários em 1997 para 6 milhões de universitários na última Pnad (Pesquisa Nacional pro Amostra de Domicílios). Na educação profissional, dobramos o número de matrículas nos cursos técnicos do país. Ainda que o número seja insuficiente para nossas necessidades, saímos de 500 mil matrículas para 1 milhão num período de seis anos. Tanto na básica, quanto na superior e profissional, a reforma do Sistema S vai contribuir para ampliar ainda mais. O Brasil Profissionalizado coordenou com os estados para a reestruturação do ensino médio, com R$ 1,3 bilhão. A nossa meta era de R$ 900 milhões, superamos em R$ 400 milhões a meta do Brasil Profissionalizado. Com a expansão da rede federal de escolas técnicas e das universidades, temos um cenário de ampliação das oportunidades que começa na creche com o Pró-Infância e vai até a pós-graduação, com a ampliação das bolsas da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), com o Prêmio Nacional de Pós-Graduação. Temos que atuar sobre mais três questões, que precisam de uma turbinada. Uma discussão mais séria sobre o ensino de zero a três anos; nós dobramos o atendimento em creches e em oito anos chegaremos a um percentual de 21 a 22 por cento de atendimento, contra 11 por cento
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em 2002, mas precisamos fazer uma discussão envolvendo uma ação interministerial. Temos a experiência do SUS, temos o Bolsa Família e temos o atendimento educacional em creches e deveríamos potencializar esses programas por meio de uma articulação. Entendo que eles têm um potencial de assistência, amparo e de desenvolvimento da criança que pode ser mais bem explorado. Da mesma forma como foi feito o Bolsa Família, reunindo os programas de transferência de renda e potencializando, do mesmo jeito que o Pró-Jovem procura reunir programas de orientações para a juventude, eu entendo que de zero a 3 anos deva passar pelo mesmo tipo de processo. Temos exemplos de ações mundo afora e experiências locais que permitem vislumbrar uma articulação desses programas.
— Já tem nome?
— Não tem porque cada ministério ainda está trabalhando isoladamente essa questão. Eu acho que o desafio é parar de trabalhar isoladamente e montar uma mesa para discutir como enfrentar o desafio de 0 a 3, uma vez que a ciência já está pacificada em torno dessa questão da importância do desenvolvimento nessa faixa etária para o desenvolvimento futuro da criança e do jovem. Em todos os âmbitos da vida, não é só a questão educacional, a questão da violência, saúde, tudo isso tem um impacto forte.
— O senhor e o governo pretendem lançar isso este ano ainda?
— Não, não estou preocupado com o lançamento até porque vamos ter um momento de discutir isso, que é a Conferencia Nacional de Educação, em abril, e teremos um outro momento importante que é a aprovação e remessa do Plano Nacional de Educação.
— Vai ficar para o próximo governo, então?
— Não. Há ações no MEC, no Ministério da Saúde e no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome relativas à questão de 0 a 3. Mas, não podemos perder a oportunidade de discutir a integração dessas ações por ocasião da aprovação do Plano Nacional de Educação, que tem vigência decenal. Até porque eu não vejo isso como uma política de governo e sim como uma política de Estado. Isso não pode estar sujeito às intempéries do ciclo político e nem o estado pode parar de trabalhar porque vai ter eleição. Você tem que continuar trabalhando, formulando e o ciclo político tem a sua lógica, que não pode colocar em risco políticas estruturantes. Todas as questões que estou colocando estão em curso, o que eu entendo é que elas têm que ser potencializadas. A segunda questão é a questão do ensino médio. Estamos com 1.500 professores fazendo curso
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em torno do projeto Ensino Médio Inovador. Temos que aprofundar a discussão sobre a diversificação do ensino médio, e aí o novo Enem entra como uma peça central porque ele tira a camisa de força que os vestibulares impõem sobre o ensino médio. Estão em curso essas transformações, mas certamente vão ocupar a agenda. E a terceira, que também teve avanços importantes mas exige mais metas, estabelecer princípios, é a questão da valorização do magistério. Como estamos vendo isso? Temos hoje um número até expressivo de licenciandos, é verdade que em áreas específicas não, em Física talvez o número seja pequeno, mas no conjunto das licenciaturas, temos 1,5 milhão de matriculas, é muita coisa. O que precisamos garantir? Qualidade da formação. E duas providências tomadas pelo governo são essenciais para isso. A primeira é a expansão das licenciaturas em instituições públicas, e a segunda a aprovação do novo Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior), que vai permitir que o jovem educacionado para o magistério possa fazer sua licenciatura numa instituição particular de boa qualidade sem pagar o financiamento, desde que atue em escola publica, ou seja, 100 meses de exercício profissional quita sua dívida. Com a sanção do novo Fies, nós vamos de certa maneira garantir a gratuidade da formação inicial de todos os professores do país. A formação passa a ser uma questão de estado, com financiamento público, seja na universidade pública ou particular. Na verdade o jovem não paga o financiamento, ele quita com o exercício profissional sem nenhum dispêndio. O salário fica para ele. Essa medida vai nos permitir que, dos matriculados em licenciatura, financiemos os melhores profissionais para atuar na escola pública. Isso, combinado com o piso e com as diretrizes de carreira, certamente vai ter um impacto sobre a profissão. Agora, temos que continuar um movimento importante, que é a segunda parte do raciocínio. Em 2003, um profissional de nível superior ganhava 86% a mais que o docente de nível superior, todas as profissões ganhavam 86% a mais que um docente; esse percentual caiu para 52% em 2008, antes da entrada em vigor do piso. Na minha opinião, deveríamos fixar uma meta para equalizar isso. De maneira que não houvesse custo de oportunidade de escolher o magistério. Temos um mecanismo hoje que permite ajustar isso em menos de 10 anos. O aporte de recursos da União para o Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) foi de R$ 500 milhões durante os 10 anos de vigência; este ano é de R$ 7 bilhões, quer dizer, qual é o valor que tem que ser aportado para que seja possível pagar o piso? Se multiplicar por 14 ainda não foi suficiente, qual é esse valor?
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— E dinheiro, tem?
— Tudo é uma questão de prioridade. A valorização do professor não é vista como coisa que rende dividendos políticos imediatamente, isso vai impactar a qualidade da educação em cinco, dez, 20 anos. Perto de um investimento que rende votos de “n” cidadãos, na comparação perde. Por isso, tem que ser uma política de estado, tem que ser uma decisão do país. Perdemos todo o século 20 sem investir em educação. Felizmente começamos a investir. O investimento do MEC saltou de R$ 20 bilhões para R$ 50 bilhões. Uma vez e meia a mais. Isso está nos permitindo apoiar estados e municípios. A maior parcela dos recursos está indo para eles. O Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) é R$ 2,5 bilhões desses adicionais. A expansão das escolas técnicas é R$ 1 bilhão a mais.
— Existem duas coisas que parece que não avançaram: a educação no campo e o analfabetismo. Desistimos de erradicar o analfabetismo no país?
— Não, não houve desistência até porque o volume de recursos investidos aumentou. Em segundo lugar, o número de inscritos no Programa Brasil Alfabetizado também aumentou. Há uma questão metodológica de medição disso. A última Pnad nos causou estranheza porque aumentou o número absoluto e o número relativo de analfabetos no Sudeste, por isso a taxa nacional caiu só 0,1%. Eu não vejo razão para isso ter acontecido. O que ocorreu no Sudeste? Como o número de analfabetos aumentou, e pior, na faixa etária de 25 anos? A hipótese é que houve alguma mudança metodológica que não está sendo explicitada. Por que no Sudeste isso aconteceu? Eu não sei compreender o dado. Já confessei isso.
— Isso faz tanta diferença?
— Isso faz muita diferença porque a taxa tem que cair no país todo. Quando você vai por outra metodologia, faço referência ao trabalho feito pela Fundação Montenegro junto com a Ação Educativa, ali é uma outra metodologia, nem amostral como a Pnad do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é aplicado um teste de proficiência, um TRI, comparável no tempo, que a taxa caiu de 11% para 7%. Esse teste é uma amostra melhor. É um teste aplicado, e aí a taxa de 2002 para 2009 caiu de 11% para 7%, que é uma redução muito expressiva na faixa etária de 15 a 64 anos. Também a taxa do analfabetismo funcional caiu, pela mesma metodologia, e a proficiência básica, que é considerada satisfatória, aumentou. Então caiu o numero de analfabetos absolutos, analfabetos
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funcionais e aumentou a taxa de brasileiros com proficiência básica. Essa metodologia implica a aplicação de um teste; você mede a proficiência e não simplesmente pergunta para o cidadão se ele sabe ou não ler e escrever, você testa se ele sabe ler. E, nesse caso, o teste dá maior fidedignidade para esse dado. Nós estamos ainda explorando o plano amostral da Pnad para compreender o que aconteceu de fato.
— O Brasil Alfabetizado continua?
— Continua. Sem limite orçamentário, por determinação do Presidente, ou seja, o número de turmas criadas no país recebe o financiamento do MEC e se precisar de suplementação orçamentária nós damos garantia aos estados e municípios que faremos.
— E sobre a educação no campo?
— No campo, há alguns programas que estão funcionando bem. Por exemplo, o transporte escolar, que ainda está longe do ideal, mas na comparação com o passado a evolução é grande. Nós já substituímos 6 mil veículos escolares por veículos padronizados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), vamos substituir ao longo do tempo toda a frota, levaremos aí de 7 a 8 anos para substituir toda a frota. O Pnate (Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar), que é um programa novo deste governo, está pagando per capta R$ 0,60 por dia letivo para os estudantes, a título de subsídio de transporte escolar. O Proinfo (Programa Nacional de Informática na Educação), que é de inclusão digital, que nunca chegou ao campo, já chega ao campo. Nós estamos instalando laboratórios em todas as escolas rurais, e o Ministério das Comunicações está instalando a banda larga e nós temos um programa de capacitação de professores de escolas multisseriadas, pela expansão do programa Escola Ativa, que foi reformulado e expandido. Então, estamos atuando no campo. O per capta do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) também foi alterado a favor do campo, a matrícula do campo tem uma remuneração maior, são ações que estão chegando pela primeira vez ao campo.
— Porque não há um avanço tão grande quanto no urbano?
— Em primeiro lugar, fixar um professor no campo é difícil, a formação continuada do professor no campo é muito mais complexa do que a do professor da cidade. Mesmo com a instalação dos 500 polos da universidade aberta, ainda as distâncias a percorrer pelo professor são grandes. O MEC
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está em mais de mil municípios, entre universidades, institutos federais e polos da universidade aberta; vamos atingir até o final de 2010 alguma coisa em torno de 1 mil municípios, mas ainda assim os deslocamentos que o professor tem que fazer para chegar a um polo de formação num país dessas dimensões é grande. São 90 mil escolas no campo, algumas com cinco a dez alunos. Então tem uma dificuldade logística de chegar, por isso esses programas de apoio, que a alguns podem parecer perfumaria, programas para melhorar o transporte escolar, fazer a inclusão digital chegar ao campo, são tão importantes, porque você pode a partir deles permitir uma maior mobilidade do professor, maior acesso do professor ao mundo virtual, ao conhecimento e, portanto, facilitar os mecanismos de aperfeiçoamento do seu trabalho.
— Cotas ficaram para o futuro?
— Infelizmente o projeto menos discutido nos últimos anos é o projeto do executivo, porque a questão ficou polarizada em cotas raciais ou não. E o projeto do executivo, que é aquele que vale para o ProUni, é um projeto que procurou uma mediação entre esses dois pontos de vista extremados. Um que nega a questão racial histórica, a escravidão, e um que diz que só isso conta num país complexo como o Brasil. A posição que o governo assumiu, junto com a Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), não é uma posição só do MEC, é intermediário, nós entendemos que a cota social é o mais adequado e que a distribuição dessas vagas a estudantes de escolas públicas deve ser feita proporcionalmente segundo o censo. É o que vale para o ProUni e está funcionando bem sem nenhum dos atropelos das previsões apocalípticas de alguns, de que isso geraria conflitos raciais, e que promoveu uma mediação, na minha opinião, bastante adequada do problema. Em 2004, o Congresso entendeu essa solução como adequada ao ProUni e não manteve a mesma solução para as universidades públicas.
— O senhor acha que é melhor como está hoje, que cada universidade vai adotando seu critério?
— Isso também tem seu curso natural, porque as universidades não estão paradas, elas estão elaborando seus projetos, o que também é uma possibilidade de desenvolvimento no âmbito da autonomia universitária, e que elas exercitem políticas afirmativas das mais variadas.
— O governo comprou os laptops para distribuição, isso vai ficar dessa forma ou tem previsão este ano de aumentar a escala?
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— Não, não há previsão orçamentária pra manter a ação este ano. Estamos fazendo com toda a cautela este programa.
— O senhor não é mais entusiasta desse programa?
— Sou mais hoje do que fui no passado. Porque a discussão começou muito focada no equipamento e o país amadureceu, até porque os projetos-piloto foram mostrando que mais importante do que o equipamento é todo um ambiente a ser trabalhado na interação do professor com o aluno, dos alunos entre si, de como operacionalizar essa mudança de conceito na sala de aula e na escola; do ponto de vista pedagógico houve um amadurecimento que me dá mais entusiasmo hoje do que há dois ou três anos. Esse atraso que foi determinado pela conjuntura, recursos, impugnações na licitação, uma serie de especificidades do equipamento, que não está na prateleira, não é um equipamento que você encontra na loja, é um equipamento que foi moldado para a escola, em virtude disso houve muitos atropelos no processo, mas, na minha opinião, benéfico, porque nesse processo de superação dos obstáculos formais nós acabamos tendo tempo necessário para amadurecer um projeto pedagógico mais adequado para a reutilização de um equipamento que não é tão barato quanto se supunha.
— A CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) divulgou uma nota contestando a AGU sobre o reajuste do piso; diz que o piso já teria que ter sido reajustado em 2009 e que agora o reajuste de 2010 deveria ter sido maior, comparado com a projeção para 2010.
— O que o MEC fez, projetado pelos parceiros, secretários municipais e estaduais, foi cumprir com o nosso dever, de encaminhar a consulta à AGU, para que a AGU se posicionasse em relação à interpretação que a União dá ao dispositivo que garante o reajuste, que é uma lei federal auto-aplicável. Teoricamente a AGU não precisaria se manifestar sobre o assunto, porque caberia aos governadores interpretar o dispositivo e aplicar o dispositivo que poderia não ser contestado pelos trabalhadores, então o que a AGU fez foi isso, provocada pelo MEC, colocou sua opinião, que não é vinculante. O que ela fez foi dizer: “se nós fomos chamados a falar num processo judicial nós daremos essa interpretação que nos parece a maneira adequada”. É isso que a AGU fez. Mas isso não significa que a opinião da AGU seja vinculante nem para governadores nem para prefeitos.
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— O senhor prefere não comentar esse ponto de que o reajuste já deveria ter sido dado em 2009?
— Até por dever funcional eu tenho que seguir a orientação da AGU, eu não tenho a discricionariedade sobre isso. Agora se você me perguntar se esse piso é adequado eu já respondo. Eu entendo que há uma defasagem de pelo menos 50%, que tem que ser superada. Docente não pode ganhar em media 30% menos do que não docente, temos que aumentar o salário dos docentes em 50% em média, para que essa equiparação seja possível e não inviável. A questão da falta de recursos, eu insisto, é uma questão de prioridade. Se nós quisermos colocar a educação entre as prioridades nacionais e, na minha opinião, isso é incontornável, temos que ter uma política deliberada de valorização do magistério, que passa pelo novo Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior), expansão das licenciaturas em instituições públicas, e que passa pelo piso salarial e acesso à formação. Hoje todo professor em exercício tem acesso à universidade, se não tiver ensino superior. Hoje todas as universidades estão mobilizadas para acolher o professor que não tem diploma de nível superior para formá-los. Se nós estamos atuando na questão da formação, temos que atuar na questão da remuneração, combinando essas duas, e o coroamento disso é o Exame Nacional de Admissão. Em maio do ano passado eu determinei ao Inep a elaboração de uma matriz de referência para auxiliar os entes federados na questão dos concursos públicos. A matriz deve ficar pronta em janeiro e aí vamos sentar com o Consed (Conselho Nacional dos Secretários de Educação) e Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação) para verificar se a matriz está adequada. Esse exame funciona da seguinte maneira: os licenciandos no final do curso fazem o exame, a partir daí você tem uma nota desses professores no exame. Então o prefeito pode aderir ao banco para selecionar professores, abre as inscrições para quem tem nota e o prefeito se compromete a chamar pela ordem. Nossa tarefa imediata é criar a matriz, com o que é que se entende por um bom professor, o que ele deve saber? Criada a matriz aplica-se o exame.
— Quando o senhor vai realizar o primeiro exame?
— No fim deste ano. Porque os prefeitos e governadores em geral contratam no inicio do ano letivo, agora não adianta porque não vai haver tempo para contratarem antes do inicio das aulas. O que se verifica é que nós precisamos dizer para o país o que um bom professor tem que saber para atuar adequadamente em sala de aula. Para um município muito pequeno é difícil elaborar um concurso público, não é simples. O que os
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estudos mostram é que os concursos não fazem perguntas relevantes para a seleção de um professor. Se tivermos uma matriz de referência que responda a essa pergunta e subsidie esse processo de seleção, combinando com formação e remuneração, você cria um modelo brasileiro de valorização do magistério.
— O senhor fica só até abril ou vai até o fim do governo?
— Fico até o fim do governo, uma decisão tomada.
— Dilma vai participar da inauguração de escolas do MEC?
— Até abril ela pode, depois não pode. Ela não tem participado das inaugurações do MEC, Brasil afora, a não ser quando a solenidade é no Palácio do Planalto.
— O senhor não pensa em convidá-la para participar das inaugurações?
— A ministra Dilma é sempre bem-vinda, porque se não fosse a Casa Civil, o Planejamento e a Fazenda, o nosso orçamento não teria saltado de R$ 20 bilhões para R$ 50 bilhões. Esses ministros incluíram na agenda do país a educação e isso está expresso na peça orçamentária. Você julga a prioridade dos governantes a partir da taxa orçamentária, que é composta por esses três ministérios, sob a liderança do Presidente Lula. O êxito que tivemos no financiamento é dependente da compreensão dos ministérios-meio, de que educação faz parte da linha de desenvolvimento. Sem o PAC da ciência e tecnologia, sem o PAC da educação, você pode até ter crescimento econômico, mas desenvolvimento econômico sustentável depende de um tripé que foi estabelecido no discurso de posse do Presidente do segundo mandato: crescimento, distribuição de renda e educação de qualidade.
— Essas agendas que o senhor citou da educação vão estar no programa de governo da candidata?
— Estarão de alguma maneira na plataforma dos candidatos em geral. Temos que aprofundar essa agenda que completa um ciclo importante, que teve inicio com a Constituição Federal de 1988. Finalizo fazendo referência ao passo importante que o Congresso deu à emenda 59, ao estender a obrigatoriedade do ensino para quatro a 17 anos, o fim da DRU, estabelecer metas de investimento público com a proporção do PIB, estender todos os programas de apoio para a educação básica no seu conjunto. São medidas estruturantes da educação. Se for olhar a história, agora o Brasil supera
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definitivamente o gargalo que tem sobre a formação da sua gente, ou nós vamos mais uma vez esbarrar neste que talvez seja o maior obstáculo ao nosso desenvolvimento sustentável.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

De Darcy Ribeiro para o Movimento de Valorização do educador

“..Sou um homem de causas .Vivi sempre pregando,

lutando, como um cruzado, pelas causas que comovem.

Elas são muitas, demais: a salvação dos

índios, a escolarização das crianças, a reforma

agrária, o socialismo em liberdade, a universidade necessária.Na

verdade, somei mais fracassos

que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa.

Horrível seria Ter ficado ao lado dos que

venceram nessas batalhas.” (Darcy Ribeiro).

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Professores desejam o que já está estabelecido na lei máxima do país,a igualdadede de condições e de oportunidades.


Professores da Rede Municipal de Pindamonhagaba

Professoras da Rede Municipal de Ensino de Pindamonhangaba estiveram na Câmara Municipal para acompanhar o Plano de Carreira que entrará em votação no plenário, nos próximos dias.
As professoras reinvidicam revisão da premiação para valorização do professores, que de acordo com o texto do Projeto de Lei proposto atingirá apenas um terço dos professores da Rede Municipal, desejam também que seja estabelecido o Concurso Público para promoção de cargos de gestores, o grupo acredita que o Concurso Público será a forma mais justa, igualitária e transparente de promoção.
Os professores também pediram que o Plano antes de ser votado seja apresentado aos professores em audiência Pública na Câmara Municipal que é a casa do cidadão para debater estas e outras questões sobre a vida dos profissionais, os professores têm a convicção de que só após um amplo debate chegaremos a um consenso e o projeto de lei poderá ser votado e certamente será uma lei respeitada e defendida por todos os professores da Rede Municipal e toda Comunidade Educativa da Rede Municipal de Pindamonhangaba.
Contamos com o apoio dos professores e convocamos todos para que participem deste debate, argumentem para que juntos possamos chegar a um consenso e implantar um Plano de Carreira que nos traga satisfação, valorização, e realização.
Na próxima sessão de Câmara estaremos lá para que unidos possamos defender nossos interesses.Venham todos.
Movimento de Valorização do Educador
Professores unidos somos fortes!!!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

De: Paulo Freire, do livro Pedagogia da Autonomia

"Há um sinal dos tempos, entre outros, que me assusta: a insistência com que, em nome da democracia, da liberdade e da eficácia, se vem asfixiando a própria liberdade e, por extensão a criatividade e o gosto da aventura do espírito. A liberdade de mover-nos, de arriscar-nos vem sendo submetida a uma certa padronização de fórmulas de maneiras de ser, em relação às quais somos avaliados. É claro que já não se trata de asfixia truculentamente realizada pelo rei despótico sobre seus súditos, pelo senhor feudal sobre seus vassalos, pelo colonizador sobre os colonizados, pelo dono da fábrica sobre seus operários, pelo estado autoritário sobre os cidadãos, mas pelo poder invisível da domesticação alienante que alcança a eficiência extraordinária no que venho chamando "burocratização da mente". Um estado refinado de estranheza, de "autodemissão" da mente, do corpo consciente, de conformismo do indivíduo, de acomodação diante de situações consideradas fatalistamente como imutáveis. É a posição de quem encara os fatos como algo consumado, como algo que se deu porque tinha que se dar da forma como se deu, é a posição, por isso mesmo, de quem entende e vive a História como determinismo e não como possibilidade. É a posição de quem se assume como fragilidade total diante do todopoderosismo dos fatos que não apenas se deram porque tinham que se dar mas que não podem ser "reorientados" ou alterados. Não há, nesta maneira mecanicista de compreender a História, lugar para a decisão humana. Na medida mesma em que a desproblematização do tempo, de que resulta de que o amanhã ora é a perpetuação do hoje, ora é algo que será porque está dito que será, não há lugar para a escolha, mas para a acomodação bem comportada ao que está aí ou ao que virá. Nada é possível de ser feito contra a globalização que, realizada porque tinha de ser
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realizada, tem de continuar seu destino, porque assim está misteriosamente escrito que deve ser. A globalização que reforça o mando das minorias poderosas esmigalha e pulveriza a presença impotente dos dependentes, fazendo-os ainda mais impotentes, é destino dado. Em face dela não há outra saída senão que cada um baixe a cabeça docilmente e agradeça a deus ou à própria globalização.
Sempre recusei os fatalismos. Prefiro a rebeldia que me confirma como gente e que jamais deixou de provar que o ser humano é maior do que mecanismos que o minimizam.
A proclamada morte da História que significa, em última análise, a morte da utopia e do donho, reforça, indiscutivelmente, os mecanismos de asfixia da liberdade. Daí que a briga pelo resgate do sentido da utopia de que a prática educativa humanizante não pode deixar de estar impregnada tenha de ser uma sua constante.
Quanto mais me deixe seduzir pela aceitação da morte da História tanto mais admito que a impossibilidade do amanhã diferente implica a eternidade do hoje neo-liberal que aí está, e a permanência do hoje mata em mim a possibilidade de sonhar. Desproblematizando o tempo, a chamada morte da História decreta o imobilismo que nega o ser humano.
A desconsideração total pela formação integral do ser humano e a sua redução a puro treino fortalecem a maneira autoritária de falar de cima para baixo. Nesse caso, falar a, que, na perspectiva democrática é um possível momento do falar com, nem sequer é ensaiado. A desconsideração total pela formação integral do ser humano, a sua redução a puro treino fortalecem a maneira autoritária de falar de cima para baixo a que falta, por isso mesmo, a intenção de sua democratização no falar com.
Os sistemas de avaliação pedagógica de alunos e de professores vêm se assumindo cada vez mais como discursos verticais, de cima para baixo, mais insistindo em passar por democráticos. A questão que se coloca a nós, enquanto professores e alunos críticos e amorosos da liberdade, não é, naturalmente, ficar contra a avaliação, de resto necessária, mas resistir aos métodos silenciadores com que ela vem sendo às vezes realizada. A questão que se coloca a nós é lutar em favor da compreensão e da prática da avaliação
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enquanto instrumento de apreciação do que fazer de sujeitos críticos a serviço, por isso mesmo, da libertação e não da domesticação. Avaliação em que se estimule o falar a como caminho do falar com.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A SOCIEDADE NÃO PODE ACEITAR A DESQUALIFICAÇÃO DOS PROFESSORES

As conclusões de certos órgãos de comunicação sobre os resultados da prova aplicada pelo governo de São Paulo aos professores temporários e candidatos à contratação temporária na rede estadual de ensino são, no mínimo, precipitadas e incongruentes. Os grandes jornais parecem mesmo ter eleito os professores como seus inimigos principais.

Estes jornais falam em “professores reprovados”, mas o que existe são duas listas de classificados para a atribuição de aulas de 2010: a primeira composta pelos professores que atingiram ou superaram a pontuação mínima definida pelo governo (considerando a nota da prova e parte do tempo de serviço) e, a segunda, com os professores que ficaram abaixo desta pontuação. Não existem aprovados ou reprovados neste processo, mas professores qualificados para a atribuição de aulas no primeiro momento e professores qualificados para o segundo momento da atribuição.

A falta de critério da mídia na cobertura deste assunto começa pelo fato de dizerem que metade dos professores foi reprovada, sem considerar que não existem 182 mil professores temporários na rede estadual de ensino. Existem cerca de 90 mil profissionais nesta situação. Quantos, entre os que não atingiram a pontuação, sequer pertencem à rede estadual de ensino, são estudantes ou, simplesmente, não fizeram a prova?

A diferença é própria da sociedade humana. Não somos todos iguais e, em processos de avaliação, nem todos se preparam da mesma forma, alguns possuem melhores condições que outros, lidam de forma diferente com as questões apresentadas e, assim, é natural que estas diferenças se reflitam nas notas obtidas.

A questão que se apresenta é sabermos qual é melhor política de formação para os professores. Para nós, esta política é aquela que assegure ao professor uma jornada de trabalho que permita a implementação da formação continuada no próprio local de trabalho.

Você, leitor, sabia que o professor da rede estadual de ensino de São Paulo paga sua formação e atualização profissional com recursos do próprio bolso? Sabia que os poucos programas de formação promovidos pelo governo estadual são restritivos, voltados apenas para parte dos efetivos e não para o conjunto dos professores? Sabia que os professores têm jornadas estafantes de trabalho, muitos em diversas escolas, devido aos baixos salários? Que são responsáveis por até 600 alunos, dependendo da disciplina que ministram, devido à superlotação das salas de aula? Como, então, avaliar professores aos quais não se garantem as mínimas condições para a sua formação e atualização profissional?

Além da formação continuada no local de trabalho, uma política de formação deveria contemplar, também, afastamentos remunerados dos professores para realizarem cursos de mestrado e doutorado, que revertem em melhoria da qualidade do ensino. Deveria prever, ainda, viagens dos professores (e até mesmo de grupos de alunos) dentro e fora do país. Imagine se um professor de História que esteja trabalhando com seus alunos a Inconfidência Mineira pudesse visitar a cidade de Vila Rica, vivenciando o contexto histórico dos acontecimentos e podendo degustar um pouco da cultura brasileira!

Há coisas simples que poderiam melhorar a educação pública no estado de São Paulo, e não chegaremos a estas soluções desqualificando os professores. Ao contrário, gostaríamos de parabenizar os professores, obrigados a participar desta prova imposta pelo governo, com extensa bibliografia, com muitos títulos esgotados, e com apenas um mês para estudar.

A denominada Escola de Formação criada pelo governo como mais uma etapa do concurso público não resolve o problema da formação do professor. As disparidades vão persistir e as conseqüências para a qualidade do ensino também.

Convidaríamos esses jornalistas e profissionais da mídia para trabalhar nas escolas estaduais durante 40 horas semanais, submetidos a toda sorte de violências e sem estrutura e, ao mesmo tempo, tendo que se submeter a esta prova nas condições que foram impostas aos professores. Uma prova complexa – como admitiu o próprio secretário da Educação – e, como já assinalamos, com bibliografia muito extensa; muitos títulos esgotados; e com apenas um mês para estudar, no final do ano, quando estivessem envolvidos em avaliações de alunos, reuniões de conselhos e, ainda, repondo aulas aos sábados, em decorrência da gripe suína. Será que teriam um aproveitamento melhor que o dos professores?

Se nossa categoria profissional fosse tão desqualificada como certos jornais querem fazer supor, haveria alunos da escola pública ingressando na USP, na Unicamp e em outras boas universidades; ou querem dizer que somente ricos estudam nestas instituições?

É preciso que o governo promova espaços de formação continuada do professor em seu próprio local de trabalho, trazendo para o interior das escolas as universidades públicas, através de convênios. Desta forma, as universidades não apenas proporcionariam aos professores uma formação continuada de qualidade, mas, também, alterariam a própria formação inicial dos docentes. Com uma proposta assim implementada estaremos unindo teoria e prática pedagógicas e aproximando a escola real da escola ideal.

Publicado por Maria Isabel Azevedo Noranha - Presidenta da APEOESP
http://apeoesp.wordpress.com/2010/02/01/a-sociedade-nao-pode-aceita...