quarta-feira, 8 de julho de 2009

Só para recordar que a nossa luta já é antiga...

O professor é como ouro, a criança o diamante, juntos são jóias raras em seu país, devem ser cuidadas com carinho, respeito e consideração.
A questão salarial do Professor e da professora.



A desvalorização do professor é histórica, é tão antiga que já foi denunciada por Graciliano Ramos em sua obra São Bernardo, como nos apresenta em sua dissertação de mestrado (UNITAU/2007- Taubaté-SP) a Professora Universitária e Diretora da Rede Estadual Maria Cristina dos Santos Pinto, Leciona na UNISAL- Lorena. Veja o trecho da obra citada:

"_Espere la.O Nogueira e o Godim me falaram nela. Mulher prendada, bonita. Perfeitamente. O Godim falou muito. O Godim do Cruzeiro, um ventas chata.
_ Sei.
E recolheu elogios à sobrinha. Pois uma menina como aquela encafuar-se num buraco, seu...
_Paulo Honório, D. Glória. Faz pena. Isso de ensinar bê-a-ba é tolice. Perdoe, quanto ganha sua sobrinha ensinando be-a-bá?
_D. glória baixou a voz para confessar que as professoras de primeira entrância tinham apenas cento e oitenta mil réis.
_(...)Vou indicar um meio de sua sobrinha e a senhora ganharem dinheiro a rodo. Criem galinhas. "

(G. Ramos,2001,p.75-76).

Atualmente esta situação não mudou nada, apesar das reformas desde a década de 1990 com a criação do FUNDEF E FUNDEB.
Apesar dos altos investimentos anunciados pelos nossos administradores, os recursos financeiros não alcançam o professor e nem o aluno. Algumas vezes esses altos investimentos ficam com os cargos de confiança que na educação são muitos, visto que muitos municípios apesar da exigência da lei, e muitas são as leis que garantem (no papel), ainda não se deram ao trabalho de elaborar um Plano de Carreira, muito provavelmente porque esses cargos de confiança funcionam como moeda de troca nas negociações partidárias em épocas de eleições. E a educação, ou seja, o professor e o aluno que são o centro e a razão de ser da educação ficam sempre em último lugar na fila das prioridades, é lamentável essa situação
Atualmente são exigidos do professor curso superior e para que seja promovido em sua carreira(isso quando se tem um plano de carreira), o curso de pós-graduação além da participação em congressos, cursos de capacitação, tudo isso sem contar os investimentos que o professor tem no dia-a-dia, com internet, livros, revistas especializadas, jornais para que esteja sempre atualizado e acompanhe seus alunos. O professor é um profissional que precisa estar a frente de seu tempo.
Nesta semana foi votado o salário do Professor e da Professora da Rede Municipal de Pindamonhangaba, o que para grande surpresa da classe, não foi o esperado, o descontentamento foi vísivel, tristeza e decepção estavam estampados no rosto dos professores que acompanharam a votação na Câmara Municipal.
Mas, enfim, o MOVE- Movimento de Valorização do Educador vai continuar se reunindo, pesquisando, informando e buscando formas de sensibilizar o poder público e esperar que um dia esta situação seja transformada. Porque o Movimento de Valorização do Educador acredita que a valorização financeira do professor seja uma das ferramentas para se alcançar a qualidade de ensino. Um professor feliz e satisfeito trabalha melhor, já foi o tempo em que a profissão do professor era vista como sacerdócio,vocação, isto provavelmente uma ideologia para encobrir as reais relações de trabalho. Hoje o professor e a professora desejam ser valorizados financeiramente. E há de se reconhecer que a vocação de realizar uma atividade profissional deve fazer parte não só do magistério, mas de todas as profissões.
0 MOVE-realizou ainda uma pesquisa, e fez uma descoberta vergonhosa,os dados foram publicados na Folha de São Paulo e são da CNTE- Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação
O Acre é o Estado que melhor remunera os seus mestres. O salário dos professores de São Paulo é de 39% menor que o de seus colegas do norte. Em início de Carreira esses profissionais recebem em média R$ 8,05 hora/aula, contra R$13.16 no Acre .
No raking dos mestres os que melhor remuneram seus mestres são: Roraima, Tocantins, Alagoas, Mato Grosso. O estado de São Paulo fica em 8º lugar, outra pesquisa realizada agora com o DIEESE, mostra que o professor perdeu 1/3 de seu poder de compra nos últimos dez anos , número assustador principalmente se tratando deste profissional que trabalha diretamente com o ser mais importante de uma nação,e ainda em formação, o maior patrimônio nacional, a prioridade absoluta, a Criança.
pelo MOVE: Movimento de Valorização de Educador,
Prof. Ana Lucia Cipriano, em 31/03/08

Meus amigos de profissão,
Nossa luta não será em vão,
há professores desanimados, sim
há professores acomodados, sim
há professores intimidados com as pressões, muitas vezes veladas, sim
há professores desmotivados por serem meros executores na educação, sim
há professores cansados de tantas promessas, sim
há professores exaustos de tantas mentiras, sim
mas há professores que acreditam na profissão que escolheram, que lutam por melhores condições de trabalho, que amam ensinar e estes vivem com uma certeza.
SÓ A EDUCAÇÃO PODE MUDAR UM PAÍS!

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